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25 de Abril: 43 anos depois, o que mudou?

Assinalam-se hoje 43 anos da Revolução do 25 de Abril.

Todos os portugueses que às 22 horas e 55 minutos da noite de 24 de abril de 1974 tinham o rádio sintonizado na Rádio Alfabeta, ouviram o locutor João Paulo Dinis lançar a música “E depois do adeus” de Paulo de Carvalho. Poucos desconfiavam que a música que tinha vencido o Festival da Canção nesse ano seria, na verdade, o sinal para um grupo de militares comandados por Otelo Saraiva de Carvalho avançar com os primeiros movimentos do Golpe de Estado a que se viria a chamar “Revolução de Abril”.

O segundo sinal foi dado à meia-noite e vinte, quando a canção Grândola Vila Morena de Zeca Afonso foi transmitida na Rádio Renascença. Estava confirmado o golpe e deu-se o início às operações.

A vida dos cidadãos portugueses após a “Revolução dos Cravos” mudou radicalmente. Escolher não era um conceito familiar para a população. O serviço militar era obrigatório para todos os jovens do sexo masculino; nas escolas, as raparigas e os rapazes estavam colocados em turmas separadas; as mulheres tinham de apresentar uma autorização assinada pelo marido para poderem ausentar-se do país, e ter completado o ensino secundário para poder votar. A acessibilidade a cuidados de saúde e educação era também reduzida.

O acesso a informação era extremamente restrito: a PIDE/DGS tinha implementado um sistema de censura que determinava a que livros, música e informação noticiosa a população poderia aceder. A internet ainda estava longe de existir em Portugal, muito menos de ser acessível ao cidadão comum. No entanto, mesmo que já existisse, seria certamente bastante censurada, pois o regime controlava e limitava todo o tipo de informação que pudesse colocar em risco a ditadura Salazarista.

O exercício que propomos agora é imaginar como teria sido a revolução em 2017. Talvez tivesse sido combinada na internet, através de e-mail ou até de conversas no whatsapp. Talvez tivesse nascido de um evento no Facebook ou de um grupo privado no Twitter, à semelhança do que aconteceu na Tunísia no movimento conhecido como Primavera Árabe, que não teria com certeza sido possível sem os recursos e dispositivos proporcionados pelas redes sociais.

O Twitter e o Facebook foram essenciais na disseminação e fortalecimento das manifestações populares, apesar dos esforços do governo por bloquear e restringir o acesso à internet. Se o acesso à internet estivesse verdadeiramente condicionado, os militares poderiam aceder a redes fora do controlo dos governos, como é o caso da TOR. Talvez o cravo não fosse hoje o símbolo da Revolução, mas sim o like ou um hashtag.

As possibilidades são tantas que se torna difícil imaginar como poderia ter sido a queda do regime ditatorial português se existisse internet à época. A verdade é que é graças ao sonho dos que participaram no golpe de estado de 25 de abril de 1974 e de todos os que a seguir trabalharam no sentido de melhorar as condições de vida de uma população até então reprimida, que hoje podemos publicar este texto sem temer pela nossa liberdade e bem-estar.

Hoje celebra-se o fim da ditadura em Portugal.

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